Como combinamos, vocês podem encontrar aqui os estudos das Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnet e esquemas da aula de hoje do curso de teosofia.
Sejam bem-vindos e, quem quiser, compareça!
Um abraço,
Zarifa Mattar.
CARTAS DOS MAHATMAS PARA A. P. SINNET
Carta Nº 001
Em “O Mundo Oculto”,
pags. 98/99, A. P. Sinnet explica o que ele escreveu em sua primeira carta
ao Mahatma e por que o escreveu. Apesar de não ter dúvidas da autenticidade dos
fenômenos realizados por H.P.B. durante o verão de 1880 em Simla, ele sentia
que eles nem sempre eram amparados pelas garantias necessárias e que não seria
muito difícil para um cético radical lançar dúvidas quanto à sua validade. Ele
estava ansioso pela produção de alguns fenômenos que, como ele dizia, "não
deixariam possibilidade alguma de pensar em embuste". Ele pensava que os próprios
"Irmãos" não poderiam sempre compreender a necessidade de tornar os
seus fenômenos
probatórios incontestáveis em cada mínimo detalhe.
Assim, Sinnett decidiu sugerir em sua primeira
carta para o Mahatma um teste que, em sua firme convicção, seria absolutamente
à prova de qualquer tolo contestador e não poderia deixar de convencer até o
maior cético. Esse teste era a aparição simultânea em Simla (na
presença do grupo de lá) de um exemplar do mesmo dia, das edições do
"London Times" e do "The Pioneer".
Naquela época havia, entre Londres e Índia, uma
demora de comunicação de pelo menos um mês, a não ser pelo telégrafo e teria
sido obviamente impossível telegrafar todo o conteúdo do "The Times"
para a Índia ao mesmo tempo que em Londres. Além disso, um fato como esse só
poderia ser feito chamando a atenção de todo mundo.
Depois de ter escrito a carta e entregá-la a
H.P.B., transcorreu um dia, mais ou menos, antes que tivesse qualquer notícia a
respeito. Finalmente, H.P.B. disse que ele iria ter uma resposta. Isso o deixou
tão animado que decidiu escrever uma segunda carta, achando que, talvez, ele
não tivesse sido suficientemente incisivo na primeira, a ponto de convencer o
seu correspondente.
Um dia depois, ele achou em sua escrivaninha, durante
a tarde, a primeira carta do Mahatma K.H. Ele respondia a ambas as cartas.
Prezado Amigo e Irmão,
Justamente porque o teste com o jornal de Londres
fecharia a boca dos céticos - ele é impensável. Entenda isto como quiser - o
mundo está ainda no seu primeiro estágio de libertação, senão de
desenvolvimento e, portanto, despreparado. É verdade que nós trabalhamos usando
meios naturais e não sobrenaturais. Mas, como de um lado a Ciência se
encontraria incapaz (no seu estágio atual) de explicar as maravilhas feitas em
seu nome e de outro lado, as massas ignorantes, ainda assim, veriam o fenômeno
como se fosse um milagre, qualquer um que testemunhasse a ocorrência ficaria
desequilibrado e os resultados seriam deploráveis. Acredite-me, isso ocorreria
- especialmente para você, que teve a ideia e para a devotada mulher que tolamente
corre em direção à ampla porta aberta que leva à notoriedade. Essa porta, mesmo
aberta por mãos tão amigas quanto as suas, se transformaria, em pouco tempo em
uma armadilha – e, na verdade,
fatal para ela. E esse não é, certamente, o seu
objetivo (?).
Loucos são aqueles que, especulando apenas sobre
o presente, voluntariamente fecham os olhos para o passado, quando já são naturalmente
cegos para o futuro! Longe de mim a ideia de incluir você entre esses -
portanto eu tentarei explicar a situação. Se cedêssemos ao seu desejo, você
sabe realmente quais seriam as consequências? A inexorável sombra que segue todas as inovações humanas se movimenta
e, no entanto, poucos são aqueles que estão, de algum modo, conscientes de sua
aproximação e de seus perigos. O que poderiam esperar aqueles que gostariam de oferecer
ao mundo uma inovação que, devido à ignorância humana, se fosse considerada
autêntica, certamente seria atribuída àqueles poderes das trevas em que dois
terços da humanidade acreditam com temor? Você diz que a metade de Londres
seria convertida se você pudesse entregar ao público de lá, o jornal Pioneer no
mesmo dia de sua publicação. Permita-me dizer que, se as pessoas acreditassem
que a coisa era verdadeira, eles o matariam antes que pudesse dar uma volta no
Hyde Park e se elas não acreditassem, o mínimo que poderia acontecer seria a
perda de sua reputação e de seu bom nome, por propagar tais idéias.
O êxito
de uma tentativa do tipo que você propõe, tem que ser calculado e baseado num
profundo conhecimento das pessoas à sua volta. A atitude das pessoas diante
dessas questões mais profundas e misteriosas, que podem sensibilizar a mente
humana - os poderes deíficos no homem e as possibilidades contidas na Natureza.
Quantos, mesmo entre os vossos melhores amigos, daqueles que o rodeiam, têm
mais do que um interesse superficial nesses assuntos tão complexos? Você poderá
contá-los nos dedos da sua mão direita. A sua raça se vangloria de ter libertado
no seu século o gênio há tanto tempo aprisionado na estreita garrafa do
dogmatismo e da intolerância - o gênio do conhecimento, sabedoria e do livre pensamento.
E diz que o preconceito ignorante e o fanatismo religioso, colocados numa
garrafa, como um gênio maléfico e lacrados nela por Salomões da Ciência,
repousam no fundo do mar e nunca mais poderão escapar para a superfície e
reinar sobre o mundo como fizeram no passado; que a opinião pública está
completamente livre, em resumo e pronta para aceitar qualquer verdade, que seja
demonstrada. Ah, sim, mas isso é realmente verdade, meu respeitável amigo? O
conhecimento experimental não surgiu em 1662, quando Bacon, Robert Boyle e o
Bispo de Rochester transformaram, mediante uma autorização real, o seu
"Colégio Invisível" numa sociedade para a promoção da Ciência
experimental. Eras
antes de a existência da Royal Society se tornar uma realidade, sob o plano de
um Esquema Profético, um anseio inato pelo oculto, um apaixonado amor pela
Natureza e o seu estudo levaram homens de várias gerações a experimentar e
mergulhar nos seus segredos de modo mais profundo que os seus contemporâneos. Rome ante
Romulum fuit2, é um axioma que nos foi ensinado em suas escolas
inglesas. As pesquisas abstratas dos problemas mais complexos não nasceram no
cérebro de Arquimedes como um assunto espontâneo e até então inédito, mas sim
como um reflexo de investigações anteriores feitas na mesma direção por homens tão
anteriores à época dele, quanto o grande Siracusano3 é anterior à época
de você e muito mais. O vril de "A Raça Futura"4 foi
propriedade comum de raças agora extintas. A própria existência dos nossos
ancestrais gigantescos é agora questionada, embora nos Himavats5, no
próprio território controlado por vocês, haja uma caverna cheia de esqueletos
desses gigantes e as suas enormes carcaças, quando forem encontradas, serão
invariavelmente consideradas como aberrações isoladas da Natureza.
Do mesmo modo o vril ou Akás6, como nós o chamamos, é olhado como
uma impossibilidade, um mito. E sem o completo conhecimento do Akas, de suas
combinações e propriedades, como pode a Ciência encarar tais fenômenos? Não
duvidamos que os homens de sua Ciência estejam abertos a novas evidências. No
entanto, os fatos têm que ser em primeiro lugar demonstrados a eles, devem primeiro
tornar-se propriedade deles, comprovando que são compatíveis a seus próprios
modos de investigação, antes que estejam dispostos a aceitá-los como fatos. Basta
você olhar o prefácio do texto "Micrografia", para descobrir, nas
sugestões de Hooke, que as relações internas dos objetos tinham, do seu ponto
de vista, menos importância que a ação externa dele sobre os sentidos - e as excelentes
descobertas de Newton encontraram nele o seu maior oponente. Os modernos Hookes
são muitos. Assim como esse homem erudito, mas ignorante em relação às épocas
anteriores, os seus homens modernos de Ciência estão menos dispostos a sugerir uma
conexão física dos fatos, que lhes poderia revelar muitas das forças ocultas na
Natureza, do que produzir uma cômoda "classificação das experiências
científicas", de modo que a qualidade mais essencial de uma hipótese não é
que ela deva ser verdadeira, mas apenas plausível - na opinião deles.
Até aqui
sobre ciência – com base no que conhecemos dela lhe basta. Quanto à natureza
humana em geral, ela é igual agora ao que era há um milhão de anos atrás: preconceito
baseado no egoísmo; uma resistência generalizada a renunciar à ordem
estabelecida em função de novos modos de vida e de pensamento - e o estudo
oculto requer isso e muito mais - orgulho e uma teimosa resistência à Verdade, quando
ela abala as suas noções prévias das coisas - tais são as características de sua
época, especialmente nas classes inferiores e médias. Quais seriam, portanto,
os resultados dos fenômenos mais surpreendentes, supondo que tivéssemos
concordado com a sua produção? Por mais bem sucedidos que fossem, o perigo
cresceria proporção direta ao êxito. Em pouco tempo, não haveria alternativa,
exceto continuar, sempre num crescendo, ou cair numa infindável luta com o
preconceito e a ignorância e ser destruído pelas suas próprias armas. Um teste
após outro seriam solicitados e teriam que ser feitos; e se esperaria que cada
fenômeno fosse mais maravilhoso que o anterior. Você diz todos os dias que não
se pode esperar de alguém que acredite, a não ser que seja uma testemunha
ocular. Seria suficiente o tempo de vida de um homem para satisfazer um mundo inteiro
de céticos? Pode ser fácil elevar o número original de crentes em Simla, para
centenas e milhares. Mas o que dizer das centenas de milhões de pessoas que não
poderiam ser testemunhas oculares? O ignorante - incapaz de atingir os
operadores invisíveis – poderia, algum dia, extravasar sua cólera nos agentes
visíveis do trabalho; as classes mais altas e cultas continuariam a não
acreditar como sempre, reduzindo vocês a nada, como até agora. Vocês como muito
outros, nos culpam pela nossa grande reserva. Todavia, nós conhecemos algo da
natureza humana, pela experiência acumulada ao longo de séculos - sim, eras nos
ensinaram. E sabemos que, enquanto a Ciência tenha
algo a aprender e enquanto restar uma sombra de dogmatismo religioso no coração
das multidões, os preconceitos do mundo têm que ser vencidos passo a passo, sem
atropelos. Assim como o passado remoto teve mais que um Sócrates, o vago futuro
verá nascimento de mais de um mártir. A emancipada ciência desprezou a opinião
de Copérnico, quando ele renovou as teorias de Aristarco de Samos6,
- que afirmou que a "Terra se move circularmente ao redor do seu próprio
centro" - anos antes que a igreja quisesse sacrificar Galileu como um holocausto à Bíblia. O melhor matemático na Corte de Eduardo VI,
Robert Recorde - foi deixado morrer de fome na prisão pelos seus colegas, que
riam do seu Castle of Knowledge9, declarando que as suas descobertas
eram "vãs fantasias”. William Gilbert, de Colchester, médico da Rainha
Isabel, morreu envenenado, porque esse verdadeiro fundador da ciência
experimental na Inglaterra teve a audácia de antecipar Galileu, apontando a
falácia de Copérnico quanto ao "terceiro movimento", que era
seriamente apresentado como explicando o paralelismo do eixo de rotação da
Terra! O grande conhecimento dos Paracelsos, dos Agrippas10 e dos
Dees11 foi sempre contestado. Foi a Ciência que colocou a sua mão sacrílega
sobre as grandes obras de "De Magnete"12, "The
Heavenly White Virgen"13 (Akas) e outras. E foi o ilustre
"Chanceler da Inglaterra e da Natureza” - Lord Bacon de Verulam - que,
depois de receber o título de Pai da Filosofia Indutiva, permitiu-se falar de
homens como os acima mencionados, chamando-os de "Alquimistas da Filosofia
Fantástica”.
“Tudo
isto é história antiga”, pensará você. É verdade; mas as crônicas dos modernos
dias não diferem muito das suas antecessoras. Basta lembrar as recentes
perseguições de médiuns na Inglaterra, a queima de supostas feiticeiras e
bruxos na América do Sul, Rússia e nas fronteiras da Espanha - para confirmar a
nós mesmos que a única salvação para os verdadeiros conhecedores das Ciências
Ocultas é o ceticismo do público; os charlatões e os prestidigitadores são os
escudos naturais dos "adeptos". A segurança pública só é mantida, porque
mantemos secretas as terríveis armas que poderiam ser usadas contra ela, e que,
como já foi dito a você, se tornariam mortais nas mãos dos perversos e dos egoístas.
Concluo
lembrando a você, que os fenômenos pelos quais anseia, foram sempre reservados
como uma recompensa àqueles que dedicaram suas vidas para servir a deusa
Saraswati - a nossa Isis ariana. Se eles fossem oferecidos aos profanos, o que
aos que são fiéis a nós? Muitas das suas sugestões são altamente razoáveis e
serão atendidas. Eu ouvi atentamente a conversa que houve na casa do Sr. Hume. Os
argumentos dele são perfeitos do ponto de vista da sabedoria exotérica. Mas,
quando chegar o momento e ele puder ter um relance completo no mundo do
esoterismo, com as suas leis baseadas sobre cálculos matematicamente corretos
do futuro - os necessários resultados das causas que temos liberdade para criar
e modelar à nossa vontade, mas cujas conseqüências somos incapazes de
controlar, as quais, desta forma, se tornam nossos mestres – só então, tanto
ele como você, compreenderão porque, para os não iniciados, nossos atos frequentemente
parecem pouco sábios ou tolos, de fato.
Não
poderei responder por completo sua próxima carta sem me aconselhar com os aqueles
que lidam, normalmente, com os místicos europeus. Além disso, a presente carta
deve satisfazê-lo em muitos pontos que você definiu melhor na sua última; mas
também irá desapontá-lo, sem dúvida. Quanto à produção de fenômenos recentemente
imaginados e ainda mais surpreendentes que foram pedidos a ela14 e
que seriam realizados com nossa ajuda, você, como um homem que conhece
estratégia bastante bem, deve ficar satisfeito com a reflexão de que pouco
adianta conquistar novas posições até que as que já foram alcançadas estejam
seguras e que os seus Inimigos estejam perfeitamente conscientes do seu direito
à posse delas. Em outras palavras, você presenciou uma variedade maior de
fenômenos - produzidos para você e seus amigos - do que muitos neófitos viram em vários anos. Primeiro,
comunique ao público a materialização do bilhete, da xícara e dos diversos
experimentos feitos com papéis de cigarros, e deixe que isto seja dirigido15.
Faça-os trabalhar na busca de uma explicação. E como eles – a menos que usem a
acusação direta e absurda de fraude - jamais serão capazes de explicar alguns dos
experimentos, enquanto os céticos estão completamente satisfeitos com a atual
hipótese deles sobre a materialização do broche – você terá feito então um
verdadeiro bem para a causa da verdade e terá feito justiça para com uma mulher
que sofre por tudo isso. Tratado isoladamente, como está sendo feito no Pioneer,
o caso se torna que inútil passa a ser positivamente prejudicial para todos vocês
-= tanto para você, como editor do jornal, como para os outros, se me perdoa
por dar-lhe algo que parece um conselho. Não é justo nem para você, nem para ela
que devido ao fato de que testemunhas oculares não parecem suficientes para chamar
a atenção do público, o seu testemunho e o de sua esposa sejam considerados inúteis.
Com vários casos combinados para fortalecer a sua posição como uma testemunha confiável
e inteligente dos vários acontecimentos, cada um deles lhe dá um direito
adicional de afirmar o que sabe. Isso impõe a você o dever sagrado de educar o
público e prepara-lo para possibilidades futuras, abrindo gradualmente sua visão
para a verdade. A oportunidade não deve ser perdida pelo fato de que sua confiança
em seu próprio direito individual de fazer afirmações não seja tão grande como a
de Sir Donald Stewart. Uma testemunha cujo caráter é bem conhecido tem mais peso
que dez estranhos; e se há alguém na Índia respeitado pela sua confiabilidade,
é o editor do Pioneer. Lembre-se que há
somente uma mulher histérica que alega ter estado presente na suposta ascensão16,
e que o fenômeno não foi nunca corroborado por sua repetição. Entretanto,
durante quase 2000 anos, incontáveis milhões de pessoas depositaram sua fé no
testemunho daquela mulher - e ela não tinha extrema credibilidade.
TENTE e
trabalhe primeiro com o material que você tem e então nós seremos os primeiros
a auxiliá-lo a obter novas evidências. Até lá, creia-me , serei sempre um sincero
amigo seu,
KOOT' HOOMI LAL SINGH
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