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segunda-feira, 26 de março de 2012

Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnet - 2a. carta




Boa noite a todos!



Aí vai a segunda carta para o estudo da Loja conde de Saint Germain nesta segunda-feira próxima, para quem quiser acompanhar.

É mais uma longa carta que, provavelmente, não será discutida de uma só vez.


Carta no. 2 (ML -2)             Recebida em 19 de outubro de 1880

A primeira carta recebida do Mestre K.H. foi escrita no mosteiro de Toling, no Tibet, a uma distância relativamente pequena da fronteira. Quando a segunda foi escrita (ou precipitada), o Mahatma havia deixado o Mosteiro de Toling e estava em algum ponto do vale de Cashemira, viajando para consultar o Maha-Chohan a respeito da carta que recebera de A.O.Hume.

Como Sinnet explicou em “O Mundo Oculto”, Hume havia lido a primeira carta vinda do Mahatma, ficara entusiasmado com as possibilidades dessa correspondência e decidira escrever pessoalmente a K.H. Em sua carta, ele se propusera a abandonar tudo e a entrar em retiro, se pudesse ser treinado em ocultismo com o objetivo de retonar ao mundo e demonstrar a sua realidade.

Após receber a primeira carta do Mahatma, o Sr. Sinnet escreveu-lhe novamente, dizendo que, na verdade, a mente europeia era menos obstinada do que K.H. pensava e estabelecendo certas condições sob as quais ele estaria disposto a trabalhar pela causa dos Mestres. Também fez uma sugestão, que ele e Hume haviam imaginado, de que se fosse formada uma seção da Sociedade teosófica, a ser chamada de Loja Anglo-Indiana, que não ficaria subordinada, de modo algum a H.P.B. e ao coronel Olcott, mas seria conectada diretamente à Fraternidade, com os Mhatmas dando as suas instruções e seus ensinamentos diretamente aos membros do grupo. Parece que também Hume, em sua carta ao Mahatma, havia argumentado em favor desta sugestão.

Recebida em Simla, 19 de outubro de 1880.

Prezado Senhor Irmão,

Não poderemos nos entender, em nossa correspondência, enquanto não ficar completamente claro que a ciência oculta tem seus próprios métodos de pesquisa, tão arbitrários e fixos como são, à sua maneira, os da ciência física, sua antítese. Se esta última possui as suas máximas, a ciência oculta também as possui; e aquele que quiser cruzar os limites do mundo invisível não poderá determinar por si mesmo como há de progredir no seu caminho, do mesmo modo como quem pretende penetrar nos recessos internos dos subterrâneos de Lhasa, a abençoada, não pode mostrar o caminho ao seu guia.  Os mistérios nunca puderam e jamais poderão ser colocados ao alcance do público em geral; não pelo menos, até o dia esperado em que nossa filosofia religiosa se torne universal. Em todas as épocas somente uma escassa minoria de homens possuiu os segredos da natureza, embora multidões tenham testemunhado as evidências práticas da possibilidade de sua posse. O adepto é a rara eflorescência de uma geração de buscadores; e para converter-se num deles é preciso obedecer ao impulso interno da alma, sem levar em conta as cautelosas considerações da ciência ou da inteligência mundanas. O seu desejo é entrar em comunicação direta com um de nós, sem a intervenção da sra. B. ou de qualquer intermediário. Sua ideia seria, se eu a compreendo obter tais comunicações por cartas – como a presente – ou por palavras audíveis, de modo que você seja guiado por um de nós na administração e, principalmente, na instrução da Sociedade. Você quer tudo isso e, todavia, como você mesmo diz, ainda não encontrou até agora “razões suficientes” para abandonar nem mesmo os seus “modos de vida” que são diretamente hostis a tal tipo de comunicação. Aquele que quiser erguer alto a bandeira do misticismo e proclamar que o seu reino está próximo, tem que dar o exemplo aos outros. Ele deve ser o primeiro a mudar os seus próprios modos de vida; e com relação ao fato de que o estudo dos mistérios ocultos é o degrau mais alto da escada do Conhecimento, tem que proclamar isso em voz alta, apesar da ciência exata e da oposição da sociedade. O reino do Céu é obtido pela força, dizem os místicos cristãos. É somente com uma arma na mão e disposto a vencer ou morrer que o místico moderno pode ter a expectativa de alcançar seu objetivo.

Minha primeira resposta cobriu, pensei, a maior parte das questões da sua segunda e mesmo as da sua terceira carta. Tendo expressado nela a minha opinião, de que o mundo, em geral não está ainda maduro para nenhuma comprovação demasiado impactante de poderes ocultos, resta-nos apenas tratar com os indivíduos isolados que buscam, como você, ir além do véu da matéria até o mundo das causas primárias, ou seja, só precisamos considerar agora o seu caso e o do Sr. Hume. Esse senhor fez-me lembrar também a grande honra de dirigir-se a mim pessoalmente, fazendo algumas perguntas e estabelecendo as condições sob as quais estaria disposto a trabalhar seriamente para nós. Mas como as suas aspirações e motivações são de natureza diametralmente opostas e levam, portanto, a resultados diferentes, tenho que responder separadamente a cada um de vocês.

O primeiro e principal fator que determina nossa decisão de aceitar ou rejeitar sua oferta está na motivação interna que o leva a buscar as nossas instruções e, em certo sentido, a nossa orientação. Esta última é buscada, em todo caso, com certas reservas – tal como eu entendo e, portanto, fica como uma questão independente de tudo o mais. Agora vejamos, quais as suas motivações? Tentarei defini-las nos seus aspectos gerais, deixando os detalhes para considerações posteriores. Elas são: (1) O desejo de receber provas concretas e incontestáveis de que existem, realmente, forças na natureza das quais a ciência nada sabe; (2) A esperança de apropriar-se delas algum dia – quanto antes melhor, porque você não gosta de esperar – de modo a capacitar-se para: (a) demonstrar sua existência a umas poucas e escolhidas mentes ocidentais; (b) contemplar a vida futura como uma realidade objetiva construída sobre a rocha do Conhecimento, não da fé; e (c) finalmente saber – talvez a mais importante entre todas as suas motivações, embora seja a mais oculta e melhor guardada – toda a verdade a cerca de nossas Lojas e sobre nós; para ter, em resumo, uma clara certeza de que os “Irmãos”- sobre os quais tanto ouvem falar e veem tão pouco – são entidades reais, não ficções de um cérebro alucinado e desordenado. Essas, vistas em seu melhor aspecto, nos parecem ser as suas motivações quando se dirige a mim. E eu respondo no mesmo espírito, esperando que a minha sinceridade não seja mal interpretada nem atribuída a um ânimo inamistoso.

Para nós, estas motivações sinceras e dignas de toda consideração do ponto de vista mundano, parecem – egoístas. (Você tem que me perdoar pelo que possa ver como linguagem agressiva, se o seu desejo realmente é o que você diz – aprender a verdade e obter instrução de nós – que pertencemos a um mundo completamente diferente daquele em que você se movimenta.) Estas motivações são egoístas porque você deve saber qual o principal objetivo da S.T. não é tanto satisfazer aspirações individuais e sim servir aos nossos semelhantes; e o valor real da palavra “egoístas”, que pode soar mal aos seus ouvidos, tem, para nós, um significado peculiar que pode não existir para você; portanto, você não deve entender a palavra de outra forma, a não ser no sentido acima. Talvez compreenda melhor o nosso significado ao saber que, do nosso ponto de vista, as mais elevadas aspirações pelo bem-estar da humanidade ficam manchadas pelo egoísmo, se na mente do filantropo, ainda houver uma sombra de desejo de autobenefício ou uma tendência a fazer injustiça, mesmo quando é inconsciente disso. No entanto, você sempre argumentou contra a ideia da Fraternidade Universal, questionou a sua utilidade e propôs uma reestruturação da S.T. tendo como princípio a ideia de uma escola de ocultismo. Isso, meu respeitado e prezado amigo e irmão – nunca ocorrerá!    

  Tendo abordado os motivos pessoais, vamos examinar as condições que você coloca para nos ajudar a fazer o bem para o mundo. Em termos gerais, essas condições são: primeiro, que uma Sociedade Teosófica Anglo-Indiana independente seja fundada através de seus amáveis serviços sobre cuja direção, não terá.
Influência nenhuma dos nossos atuais representantes; e, segundo que um de nós tome o novo corpo, “sob sua proteção” permaneça “em comunicação livre e direta” com seus líderes e lhes proporcione “a prova direta de que ele realmente possui um conhecimento superior das forças da natureza e qualidades da alma humana que possam inspirar-lhes uma adequada confiança na sua liderança.” Eu copiei as suas próprias palavras a fim de evitar imprecisão ao definir o posicionamento.

Do seu ponto de vista, essas condições podem parecer tão razoáveis que não provocariam resistência; e, na verdade, a maior parte dos seus compatriotas – e talvez dos europeus – poderia ter a mesma opinião. O que poderia ser mais razoável, dirá você, do que pedir que o instrutor, ansioso para disseminar seu conhecimento e o discípulo, oferecendo-se para ajudar nisso, se encontrem, face a face e que o instrutor dão ao outro provas experimentais de que as suas instruções são corretas? Como homem do mundo, que vive e simpatiza plenamente com ele, você tem toda a razão, sem dúvida. Mas os homens deste nosso outro mundo, que não foram treinados na sua maneira de pensar e que podem, às vezes, achar muito difícil segui-la e apreciá-la, dificilmente podem ser criticados por não reponderem às suas sugestões com tanto entusiasmo quanto você pensa que deveriam. A primeira e mais importante das nossas objeções está em nossas Regras. É verdade que temos nossas escolas e instrutores, nossos neófitos e shaberons (adeptos superiores) e a porta é sempre aberta quando o homem certo bate nela. E damos sempre boas vindas ao recém-chegado; apenas, em vez de nós irmos até ele, ele tem que vir até nós. Mais do que isso: a menos que ele tenha atingido aquele ponto da senda do ocultismo em que impossível retornar, tendo-se comprometido irreversivelmente com a nossa associação, nós nunca o visitamos, nem mesmo cruzamos a sua porta em aparência visível – exceto em casos raríssimos.

Estará algum de vocês tão ansioso por conhecimento e pelos poderes benéficos que ele confere, que se disponha a deixar o seu mundo e vir para o nosso? Então que ele venha; mas não deve pensar em retornar, até que o sigilo dos mistérios tenha fechado seus lábios contra qualquer possibilidade de fraqueza ou indiscrição. Que ele venha decididamente como o discípulo vai ao Mestre e sem condições; ou que ele espere, como tantos outros fazem, e fique satisfeito com as migalhas do conhecimento que possam cair no seu caminho.

E suponhamos que vocês venham até nós – como ocorreu com dois de seus compatriotas – como a sra. B. o fez e o Sr. O. o fará; supondo que vocês abandonassem tudo pela verdade, lutassem arduamente durante anos para subir a íngreme e perigosa estrada, sem temer nenhum obstáculo, firmes contra toda a tentação, mantendo, fielmente, nos seus corações os segredos que lhes fossem confiados em caráter de teste; trabalhassem com toda a energia e altruisticamente para difundir a verdade e fazer os homens pensarem e viverem corretamente – vocês considerariam justo que, depois de todos os seus esforços, nós concedêssemos à sra. B. ou ao Sr. O., dois “estranhos”, as condições que agora pedem para vocês mesmos? Destes dois, um já nos deu três quarts partes de sua existência; o outro, seis anos da fase de pleno vigor sua vida e ambos seguirão trabalhando assim até o fim de suas vidas. Embora tendo sempre trabalhado para a sua merecida recompensa, nunca a reclamaram, nem se queixaram quando desapontados. Ainda que eles realizassem muito menos trabalho do que fazem, não seria uma clara injustiça ignorá-los, como foi proposto, num campo importante do esforço teosófico? A ingratidão não está entre os nossos defeitos, nem imaginamos que vocês queiram aconselhá-los a nós...

Nenhum dos dois tem a menos disposição para intrometer-se na direção da imaginada loja anglo-indiana, nem interferir na escolha de seus dirigentes. Mas a nova sociedade, se vier a ser formada, deve ser de fato (embora tendo uma determinação própria), uma loja da Sociedade Matriz, como é a Sociedade teosófica inglesa em Londres e contribuir com sua vitalidade e utilidade para promover a ideia básica de uma fraternidade universal e de outras formas práticas.

Embora os fenômenos tenham sido mal apresentados, alguns deles – como você mesmo admite – são incontestáveis. As “batidas na mesa quando ninguém a toca” e os “sons de sino no ar”, foram, você diz, “sempre considerados satisfatórios”, etc, etc. Disso você conclui que bons “fenômenos de teste” podem ser facilmente multiplicados ad infintum. Isto é verdade – em qualquer lugar onde nossas condições magnéticas e outras estejam constantemente presentes; e onde não tenhamos que agir com e através de um corpo feminino enfraquecido no qual, poderíamos dizer, reina um ciclone vital a maior parte do tempo. Mas, por mais imperfeita que seja nossa agente visível – e frequentemente ela é imperfeita e insatisfatória ao extremo – ela é o que há de melhor no momento atual e seus fenômenos tem assombrado e desconcertado algumas das mentes mais inteligentes da época atual durante quase meio século. Mesmo ignorando a “etiqueta jornalística” e as exigências da ciência física, nós temos uma intuição sobre os processos de causa e efeito. Já que você não escreveu nem mesmo sobre os próprios fenômenos que corretamente considera tão convincentes, temos o direito de deduzir que muita energia preciosa pode ser desperdiçada sem bons resultados.  Em si mesmo, o caso do broche é – aos olhos do mundo – completamente inútil e ao mesmo tempo provará que tenho razão. A sua boa intenção não deu fruto nenhum.

Para concluir: estamos dispostos a continuar esta correspondência caso a visão do estudo oculto que é dada acima lhe pareça adequada. Cada um de nós, seja qual for o seu país ou raça, passou pela provação descrita. Enquanto isto, esperando pelo melhor, atenciosamente, como sempre,

Koot’ Hoomi Lal Singh.

Além disto, teremos como tema do estudo do Curso de introdução à Teosofia o tema " O Plano Mental e o Poder da Mente", sob a minha responsabilidade.

Imagens e informações a respeito serão posteriormente colocadas no blog.

Abaixo, a programação de amanhã:

LOJA CONDE DE SAINT GERMAIN – Às 2as. feiras

26 – 14h – A Consciência Superior [Estudo em grupo de capítulo do livro
“As Leis do Caminho Espiritual’’, de Annie Besant
15h – A Hierarquia Angélica na Terra [Lélia Carvalho]
16h – Estudo das “Cartas dos Mestres”- Zarifa Mattar.


Aguardamos vocês!

domingo, 18 de março de 2012

ESTUDOS DA SEGUNDA-FEIRA,19-03 NA LOJA SAINT GERMAIN



Olá, pessoal!

Estes são os estudos desta segunda-feira, dia 19 de março de 2012, na Loja Conde de Saint Germain:

Dia 19/03
14h – As Leis Espirituais do Sucesso – exibição de vídeo com o Dr. Deepak Chopra
15 h - O Lado Oculto das Coisas (2) - Lúcia Chianca
16 h- Estudo das Cartas dos Mestres - Zarifa Mattar

A respeito dos estudos das Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnet, estudo das 16h da Loja Conde de Saint Germain, continuaremos discutindo a carta no. 1.

Caso queiram participar, é só comparecer – esta carta está publicada na íntegra no post anterior deste blog.

Tema do curso de Introdução à Teosofia, às 18h30:

“ A Natureza e o Lado Oculto das Coisas” – Regina Medina

Compareça!


Um abraço,

Zarifa Mattar.

domingo, 11 de março de 2012

Veículos da Consciência (Planos de Manifestação/ Seres Manifestos )


Olá!

Aí vão algumas imagens que serão usadas na aula de amanhã no Curso de Introdução à Teosofia. 
Boa parte delas foi elaborada por Anand Gholap, membro da Sociedade teosófica na Índia. O texto é de responsabilidade de Ailton Santoro, presidente da Loja Rio de Janeiro, que dará a aula. 
Apareça!











ESTUDOS DA LOJA CONDE DE SAINT GERMAIN E CURSO DE INTRODUÇÃO À TEOSOFIA NESTA SEGUNDA-FEIRA, DIA 12 DE MARÇO DE 2012

Olá a todos!  


Como combinamos, vocês podem encontrar aqui os estudos das Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnet e esquemas da aula de hoje do curso de teosofia.


Sejam bem-vindos e, quem quiser, compareça!


Um abraço,


Zarifa Mattar.



CARTAS DOS MAHATMAS PARA A. P. SINNET

Carta Nº 001

Em “O Mundo Oculto”, pags. 98/99, A. P. Sinnet explica o que ele escreveu em sua primeira carta ao Mahatma e por que o escreveu. Apesar de não ter dúvidas da autenticidade dos fenômenos realizados por H.P.B. durante o verão de 1880 em Simla, ele sentia que eles nem sempre eram amparados pelas garantias necessárias e que não seria muito difícil para um cético radical lançar dúvidas quanto à sua validade. Ele estava ansioso pela produção de alguns fenômenos que, como ele dizia, "não deixariam possibilidade alguma de pensar em embuste". Ele pensava que os próprios "Irmãos" não poderiam sempre compreender a necessidade de tornar os seus fenômenos probatórios incontestáveis em cada mínimo detalhe.

Assim, Sinnett decidiu sugerir em sua primeira carta para o Mahatma um teste que, em sua firme convicção, seria absolutamente à prova de qualquer tolo contestador e não poderia deixar de convencer até o maior cético. Esse teste era a aparição simultânea em Simla (na presença do grupo de lá) de um exemplar do mesmo dia, das edições do "London Times" e do "The Pioneer".

Naquela época havia, entre Londres e Índia, uma demora de comunicação de pelo menos um mês, a não ser pelo telégrafo e teria sido obviamente impossível telegrafar todo o conteúdo do "The Times" para a Índia ao mesmo tempo que em Londres. Além disso, um fato como esse só poderia ser feito chamando a atenção de todo mundo.

Depois de ter escrito a carta e entregá-la a H.P.B., transcorreu um dia, mais ou menos, antes que tivesse qualquer notícia a respeito. Finalmente, H.P.B. disse que ele iria ter uma resposta. Isso o deixou tão animado que decidiu escrever uma segunda carta, achando que, talvez, ele não tivesse sido suficientemente incisivo na primeira, a ponto de convencer o seu correspondente.

Um dia depois, ele achou em sua escrivaninha, durante a tarde, a primeira carta do Mahatma K.H. Ele respondia a ambas as cartas.

Prezado Amigo e Irmão,

Justamente porque o teste com o jornal de Londres fecharia a boca dos céticos - ele é impensável. Entenda isto como quiser - o mundo está ainda no seu primeiro estágio de libertação, senão de desenvolvimento e, portanto, despreparado. É verdade que nós trabalhamos usando meios naturais e não sobrenaturais. Mas, como de um lado a Ciência se encontraria incapaz (no seu estágio atual) de explicar as maravilhas feitas em seu nome e de outro lado, as massas ignorantes, ainda assim, veriam o fenômeno como se fosse um milagre, qualquer um que testemunhasse a ocorrência ficaria desequilibrado e os resultados seriam deploráveis. Acredite-me, isso ocorreria - especialmente para você, que teve a ideia e para a devotada mulher que tolamente corre em direção à ampla porta aberta que leva à notoriedade. Essa porta, mesmo aberta por mãos tão amigas quanto as suas, se transformaria, em pouco tempo em uma armadilha – e, na verdade,
fatal para ela. E esse não é, certamente, o seu objetivo (?).

Loucos são aqueles que, especulando apenas sobre o presente, voluntariamente fecham os olhos para o passado, quando já são naturalmente cegos para o futuro! Longe de mim a ideia de incluir você entre esses - portanto eu tentarei explicar a situação. Se cedêssemos ao seu desejo, você sabe realmente quais seriam as consequências? A inexorável sombra que segue todas as inovações humanas se movimenta e, no entanto, poucos são aqueles que estão, de algum modo, conscientes de sua aproximação e de seus perigos. O que poderiam esperar aqueles que gostariam de oferecer ao mundo uma inovação que, devido à ignorância humana, se fosse considerada autêntica, certamente seria atribuída àqueles poderes das trevas em que dois terços da humanidade acreditam com temor? Você diz que a metade de Londres seria convertida se você pudesse entregar ao público de lá, o jornal Pioneer no mesmo dia de sua publicação. Permita-me dizer que, se as pessoas acreditassem que a coisa era verdadeira, eles o matariam antes que pudesse dar uma volta no Hyde Park e se elas não acreditassem, o mínimo que poderia acontecer seria a perda de sua reputação e de seu bom nome, por propagar tais idéias.

O êxito de uma tentativa do tipo que você propõe, tem que ser calculado e baseado num profundo conhecimento das pessoas à sua volta. A atitude das pessoas diante dessas questões mais profundas e misteriosas, que podem sensibilizar a mente humana - os poderes deíficos no homem e as possibilidades contidas na Natureza. Quantos, mesmo entre os vossos melhores amigos, daqueles que o rodeiam, têm mais do que um interesse superficial nesses assuntos tão complexos? Você poderá contá-los nos dedos da sua mão direita. A sua raça se vangloria de ter libertado no seu século o gênio há tanto tempo aprisionado na estreita garrafa do dogmatismo e da intolerância - o gênio do conhecimento, sabedoria e do livre pensamento. E diz que o preconceito ignorante e o fanatismo religioso, colocados numa garrafa, como um gênio maléfico e lacrados nela por Salomões da Ciência, repousam no fundo do mar e nunca mais poderão escapar para a superfície e reinar sobre o mundo como fizeram no passado; que a opinião pública está completamente livre, em resumo e pronta para aceitar qualquer verdade, que seja demonstrada. Ah, sim, mas isso é realmente verdade, meu respeitável amigo? O conhecimento experimental não surgiu em 1662, quando Bacon, Robert Boyle e o Bispo de Rochester transformaram, mediante uma autorização real, o seu "Colégio Invisível" numa sociedade para a promoção da Ciência experimental. Eras antes de a existência da Royal Society se tornar uma realidade, sob o plano de um Esquema Profético, um anseio inato pelo oculto, um apaixonado amor pela Natureza e o seu estudo levaram homens de várias gerações a experimentar e mergulhar nos seus segredos de modo mais profundo que os seus contemporâneos. Rome ante Romulum fuit2, é um axioma que nos foi ensinado em suas escolas inglesas. As pesquisas abstratas dos problemas mais complexos não nasceram no cérebro de Arquimedes como um assunto espontâneo e até então inédito, mas sim como um reflexo de investigações anteriores feitas na mesma direção por homens tão anteriores à época dele, quanto o grande Siracusano3 é anterior à época de você e muito mais. O vril de "A Raça Futura"4 foi propriedade comum de raças agora extintas. A própria existência dos nossos ancestrais gigantescos é agora questionada, embora nos Himavats5, no próprio território controlado por vocês, haja uma caverna cheia de esqueletos desses gigantes e as suas enormes carcaças, quando forem encontradas, serão invariavelmente consideradas como aberrações isoladas da Natureza. Do mesmo modo o vril ou Akás6, como nós o chamamos, é olhado como uma impossibilidade, um mito. E sem o completo conhecimento do Akas, de suas combinações e propriedades, como pode a Ciência encarar tais fenômenos? Não duvidamos que os homens de sua Ciência estejam abertos a novas evidências. No entanto, os fatos têm que ser em primeiro lugar demonstrados a eles, devem primeiro tornar-se propriedade deles, comprovando que são compatíveis a seus próprios modos de investigação, antes que estejam dispostos a aceitá-los como fatos. Basta você olhar o prefácio do texto "Micrografia", para descobrir, nas sugestões de Hooke, que as relações internas dos objetos tinham, do seu ponto de vista, menos importância que a ação externa dele sobre os sentidos - e as excelentes descobertas de Newton encontraram nele o seu maior oponente. Os modernos Hookes são muitos. Assim como esse homem erudito, mas ignorante em relação às épocas anteriores, os seus homens modernos de Ciência estão menos dispostos a sugerir uma conexão física dos fatos, que lhes poderia revelar muitas das forças ocultas na Natureza, do que produzir uma cômoda "classificação das experiências científicas", de modo que a qualidade mais essencial de uma hipótese não é que ela deva ser verdadeira, mas apenas plausível - na opinião deles.
Até aqui sobre ciência – com base no que conhecemos dela lhe basta. Quanto à natureza humana em geral, ela é igual agora ao que era há um milhão de anos atrás: preconceito baseado no egoísmo; uma resistência generalizada a renunciar à ordem estabelecida em função de novos modos de vida e de pensamento - e o estudo oculto requer isso e muito mais - orgulho e uma teimosa resistência à Verdade, quando ela abala as suas noções prévias das coisas - tais são as características de sua época, especialmente nas classes inferiores e médias. Quais seriam, portanto, os resultados dos fenômenos mais surpreendentes, supondo que tivéssemos concordado com a sua produção? Por mais bem sucedidos que fossem, o perigo cresceria proporção direta ao êxito. Em pouco tempo, não haveria alternativa, exceto continuar, sempre num crescendo, ou cair numa infindável luta com o preconceito e a ignorância e ser destruído pelas suas próprias armas. Um teste após outro seriam solicitados e teriam que ser feitos; e se esperaria que cada fenômeno fosse mais maravilhoso que o anterior. Você diz todos os dias que não se pode esperar de alguém que acredite, a não ser que seja uma testemunha ocular. Seria suficiente o tempo de vida de um homem para satisfazer um mundo inteiro de céticos? Pode ser fácil elevar o número original de crentes em Simla, para centenas e milhares. Mas o que dizer das centenas de milhões de pessoas que não poderiam ser testemunhas oculares? O ignorante - incapaz de atingir os operadores invisíveis – poderia, algum dia, extravasar sua cólera nos agentes visíveis do trabalho; as classes mais altas e cultas continuariam a não acreditar como sempre, reduzindo vocês a nada, como até agora. Vocês como muito outros, nos culpam pela nossa grande reserva. Todavia, nós conhecemos algo da natureza humana, pela experiência acumulada ao longo de séculos - sim, eras nos ensinaram. E sabemos que, enquanto a Ciência tenha algo a aprender e enquanto restar uma sombra de dogmatismo religioso no coração das multidões, os preconceitos do mundo têm que ser vencidos passo a passo, sem atropelos. Assim como o passado remoto teve mais que um Sócrates, o vago futuro verá nascimento de mais de um mártir. A emancipada ciência desprezou a opinião de Copérnico, quando ele renovou as teorias de Aristarco de Samos6, - que afirmou que a "Terra se move circularmente ao redor do seu próprio centro" - anos antes que a igreja quisesse sacrificar Galileu como um holocausto à Bíblia. O melhor matemático na Corte de Eduardo VI, Robert Recorde - foi deixado morrer de fome na prisão pelos seus colegas, que riam do seu Castle of Knowledge9, declarando que as suas descobertas eram "vãs fantasias”. William Gilbert, de Colchester, médico da Rainha Isabel, morreu envenenado, porque esse verdadeiro fundador da ciência experimental na Inglaterra teve a audácia de antecipar Galileu, apontando a falácia de Copérnico quanto ao "terceiro movimento", que era seriamente apresentado como explicando o paralelismo do eixo de rotação da Terra! O grande conhecimento dos Paracelsos, dos Agrippas10 e dos Dees11 foi sempre contestado. Foi a Ciência que colocou a sua mão sacrílega sobre as grandes obras de "De Magnete"12, "The Heavenly White Virgen"13 (Akas) e outras. E foi o ilustre "Chanceler da Inglaterra e da Natureza” - Lord Bacon de Verulam - que, depois de receber o título de Pai da Filosofia Indutiva, permitiu-se falar de homens como os acima mencionados, chamando-os de "Alquimistas da Filosofia Fantástica”.
“Tudo isto é história antiga”, pensará você. É verdade; mas as crônicas dos modernos dias não diferem muito das suas antecessoras. Basta lembrar as recentes perseguições de médiuns na Inglaterra, a queima de supostas feiticeiras e bruxos na América do Sul, Rússia e nas fronteiras da Espanha - para confirmar a nós mesmos que a única salvação para os verdadeiros conhecedores das Ciências Ocultas é o ceticismo do público; os charlatões e os prestidigitadores são os escudos naturais dos "adeptos". A segurança pública só é mantida, porque mantemos secretas as terríveis armas que poderiam ser usadas contra ela, e que, como já foi dito a você, se tornariam mortais nas mãos dos perversos e dos egoístas.
Concluo lembrando a você, que os fenômenos pelos quais anseia, foram sempre reservados como uma recompensa àqueles que dedicaram suas vidas para servir a deusa Saraswati - a nossa Isis ariana. Se eles fossem oferecidos aos profanos, o que aos que são fiéis a nós? Muitas das suas sugestões são altamente razoáveis e serão atendidas. Eu ouvi atentamente a conversa que houve na casa do Sr. Hume. Os argumentos dele são perfeitos do ponto de vista da sabedoria exotérica. Mas, quando chegar o momento e ele puder ter um relance completo no mundo do esoterismo, com as suas leis baseadas sobre cálculos matematicamente corretos do futuro - os necessários resultados das causas que temos liberdade para criar e modelar à nossa vontade, mas cujas conseqüências somos incapazes de controlar, as quais, desta forma, se tornam nossos mestres – só então, tanto ele como você, compreenderão porque, para os não iniciados, nossos atos frequentemente parecem pouco sábios ou tolos, de fato.
Não poderei responder por completo sua próxima carta sem me aconselhar com os aqueles que lidam, normalmente, com os místicos europeus. Além disso, a presente carta deve satisfazê-lo em muitos pontos que você definiu melhor na sua última; mas também irá desapontá-lo, sem dúvida. Quanto à produção de fenômenos recentemente imaginados e ainda mais surpreendentes que foram pedidos a ela14 e que seriam realizados com nossa ajuda, você, como um homem que conhece estratégia bastante bem, deve ficar satisfeito com a reflexão de que pouco adianta conquistar novas posições até que as que já foram alcançadas estejam seguras e que os seus Inimigos estejam perfeitamente conscientes do seu direito à posse delas. Em outras palavras, você presenciou uma variedade maior de fenômenos - produzidos para você e seus amigos - do que muitos neófitos viram em vários anos. Primeiro, comunique ao público a materialização do bilhete, da xícara e dos diversos experimentos feitos com papéis de cigarros, e deixe que isto seja dirigido15. Faça-os trabalhar na busca de uma explicação. E como eles – a menos que usem a acusação direta e absurda de fraude - jamais serão capazes de explicar alguns dos experimentos, enquanto os céticos estão completamente satisfeitos com a atual hipótese deles sobre a materialização do broche – você terá feito então um verdadeiro bem para a causa da verdade e terá feito justiça para com uma mulher que sofre por tudo isso. Tratado isoladamente, como está sendo feito no Pioneer, o caso se torna que inútil passa a ser positivamente prejudicial para todos vocês -= tanto para você, como editor do jornal, como para os outros, se me perdoa por dar-lhe algo que parece um conselho. Não é justo nem para você, nem para ela que devido ao fato de que testemunhas oculares não parecem suficientes para chamar a atenção do público, o seu testemunho e o de sua esposa sejam considerados inúteis. Com vários casos combinados para fortalecer a sua posição como uma testemunha confiável e inteligente dos vários acontecimentos, cada um deles lhe dá um direito adicional de afirmar o que sabe. Isso impõe a você o dever sagrado de educar o público e prepara-lo para possibilidades futuras, abrindo gradualmente sua visão para a verdade. A oportunidade não deve ser perdida pelo fato de que sua confiança em seu próprio direito individual de fazer afirmações não seja tão grande como a de Sir Donald Stewart. Uma testemunha cujo caráter é bem conhecido tem mais peso que dez estranhos; e se há alguém na Índia respeitado pela sua confiabilidade, é o editor do Pioneer. Lembre-se que há somente uma mulher histérica que alega ter estado presente na suposta ascensão16, e que o fenômeno não foi nunca corroborado por sua repetição. Entretanto, durante quase 2000 anos, incontáveis milhões de pessoas depositaram sua fé no testemunho daquela mulher - e ela não tinha extrema credibilidade.
TENTE e trabalhe primeiro com o material que você tem e então nós seremos os primeiros a auxiliá-lo a obter novas evidências. Até lá, creia-me , serei sempre um sincero amigo seu,

KOOT' HOOMI LAL SINGH





domingo, 4 de março de 2012

Sobre Os Estudos de Segunda Feira na STRJ





Olá a Todos!


Amanhã, segunda-feira, dia 04 de março de 2012, teremos o início do nosso Curso de Iniciação à Teosofia, às 18h30 - é só chegar!

Antes, os estudos da Loja Conde de Saint Germain, que são os seguintes:

 LOJA CONDE DE SAINT GERMAIN – Às 2as. feiras
05 – 14h – Nossa Sede em Adyar – Relatos de Cenyra e Myriam Viana,
recém chegadas da Índia.
15h – O Conde de Saint Germain [Regina Medina]
16h – Introdução ao Estudo das Cartas dos Mestres [Zarifa Mattar]

Para quem quiser acompanhar, aí vai a introdução do estudo das cartas dos Mahatmas.

NOTAS INTRODUTÓRIAS ÀS CARTAS DOS MAHATMAS PARA A.P.SINNETT
Virginia Hanson


(Teósofa norte-americana que se especializou no estudo das Cartas dos Mahatmas)

As Cartas dos Mahatmas Para A.P. Sinnett é considerada uma das obras mais difíceis da literatura teosófica. Ela aborda muitas situações complexas e contém muitos conceitos profundos, que se tornam mais obscuros porque, na época em que elas foram escritas, não havia sido desenvolvida uma nomenclatura por meio da qual os Mahatmas pudessem comunicar a sua filosofia - profundamente oculta - a pessoas de idiomas ocidentais. Apesar disso, a obra tem um poder e uma percepção interna tremendos, e reflete o drama humano da aspiração, do êxito e do fracasso. Ela conta uma história ocorrida no tempo, mas a sua mensagem é eterna, quer a consideremos como narrativa, como filosofia oculta ou como revelação.


O que é um Mahatma?
Em um artigo de H.P. Blavatsky intitulado Mahatmas e Chelas (The Theosophist, julho de 1884), ela nos dá o significado do termo:
“Um Mahatma é um personagem que, por meio de educação e treinamento especiais, desenvolveu aquelas faculdades superiores e atingiu aquele conhecimento espiritual que a humanidade comum adquirirá depois de passar por séries inumeráveis de encarnações durante o processo de evolução cósmica, desde que, naturalmente, neste meio tempo, ela não vá contra os propósitos da Natureza...”.
Ela prossegue com uma discussão sobre o que é que encarna e de que modo este processo é usado como um fator da evolução, resultando na conquista do Adeptado.
Em uma carta escrita para um amigo em 1º de julho de 1890, H.P.B. disse outras coisas interessantes sobre os Mahatmas:
“Eles são membros de uma Fraternidade oculta [mas] de nenhuma escola indiana em particular. Esta Fraternidade”, acrescentou ela, “não se originou no Tibete, mas a maioria dos seus membros e alguns dos mais elevados entre eles estão e vivem constantemente no Tibete.”
Depois, falando dos Mahatmas, ela diz: “São homens vivos, não ‘espíritos’, nem mesmo Nirmanakayas . . . (1). O seu conhecimento e erudição são imensos, e a santidade da sua vida pessoal é maior ainda - entretanto, eles são homens mortais e nenhum deles tem a idade de 1.000 anos, ao contrário do que algumas pessoas imaginam.”
Em uma conversa em 1887 com o escritor Charles Johnston (marido da sobrinha de H.P.B., Vera), quando ele perguntou a H.P.B. sobre a idade do Mestre dela (o Mahatma Morya), ela respondeu: “Meu querido, não posso dizer exatamente, porque não sei. Mas conto-lhe o seguinte. Eu o encontrei pela primeira vez quando tinha vinte anos. Ele era um homem no auge de sua força, na época. Agora, sou uma mulher velha, mas ele não parece nem um dia mais velho. Ele ainda está no auge da sua força. Isto é tudo o que posso dizer. Tire suas próprias conclusões”. Quando o sr. Johnston insistiu e perguntou se os Mahatmas haviam descoberto o elixir da vida, ela respondeu seriamente: “Isso não é um mito. É apenas o véu que esconde um processo oculto real, o afastamento da velhice e da dissolução durante períodos que pareceriam fabulosos, e por isso não os mencionarei. O segredo é o seguinte: para todo ser humano há um climatério, quando ele deve se aproximar da morte. Se ele desperdiçou as suas forças vitais, não há escapatória, mas se ele viveu de acordo com a lei, pode atravessar esse período e assim continuar no mesmo corpo quase indefinidamente” (2).

Como as Cartas vieram a ser escritas?
Os autores das cartas são os Mahatmas Koot Hoomi e Morya, geralmente designados simplesmente pelas suas iniciais.
O Mahatma K.H. era um brâmane de Cachemira, mas na época em que nos deparamos com ele nas cartas, ele tinha relações estreitas com a corrente Guelupa ou “gorro amarelo” do Budismo tibetano. Ele se refere a si próprio nas cartas como um “morador de cavernas de aquém e além dos Himalaias”. H.P.B. diz em Ísis Sem Véu que a doutrina de Aquém dos Himalaias é uma doutrina ariana muito antiga, às vezes chamada bramânica, mas que na verdade nada tem a ver com o bramanismo tal como nós o entendemos agora. A doutrina de Além dos Himalaias é uma doutrina esotérica tibetana, o Budismo puro ou “antigo”. Ambas doutrinas, de Aquém e Além dos Himalaias, vêm originalmente de uma só fonte - a Religião de Sabedoria universal.
O nome “Koot Hoomi” é um nome místico que ele usou em relação à correspondência com A.P. Sinnett. Ele falava e escrevia em francês e inglês fluentemente.
Há afirmações na literatura teosófica no sentido de que o Mahatma K.H. estudou na Europa. Ele estava familiarizado com os hábitos e o modo de pensar dos europeus. Era muito erudito e, às vezes, escrevia passagens de grande beleza literária.
O Mahatma Morya era um príncipe rajput - os rajputs formavam a casta governante do norte da Índia na época. Ele era “um gigante, de quase dois metros de altura, e de um porte magnífico; um tipo esplêndido de beleza masculina”. (3)
É bastante conhecido o episódio da fundação da Sociedade Teosófica em Nova Iorque, em 1875. Em 1879, os dois principais fundadores da Sociedade, H.P. Blavatsky e o coronel Henry Steel Olcott, transferiram a sede da Sociedade para Bombaim, na Índia e, em 1882, para Adyar, Madras (atual Chennai), no sul da Índia, onde permanece.
Morava na Índia, na época, um inglês culto e muito refinado, chamado Alfred Percy Sinnett. Ele era editor de The Pioneer, o principal jornal inglês, publicado em Allahabad. Ele se interessou pela filosofia exposta pelos dois teosofistas e estava curioso a respeito dos acontecimentos notáveis que pareciam sempre ocorrer na presença de H. P. B.
Em 25 de fevereiro de 1879, nove dias após a chegada dos fundadores a Bombaim, Sinnett escreveu ao coronel Olcott expressando o desejo de conhecer H.P.B. e ele, e afirmando que estava disposto a publicar quaisquer fatos interessantes a respeito da missão deles na Índia.
Em 27 de fevereiro de 1879, Olcott respondeu esta carta. Começou assim o que Olcott chamaria de “um vínculo produtivo e uma amizade agradável”. Os fundadores foram convidados a visitar os Sinnett em Allahabad, o que ocorreu em dezembro de 1879. Nessa visita os Sinnett filiaram-se à Sociedade Teosófica, e os fundadores encontraram outros visitantes que iriam cumprir um papel na vida da Sociedade: A.O. Hume e sua esposa Moggy, de Simla, e a sra. Alice Gordon, esposa do tenente-coronel W. Gordon, de Calcutá.
No ano seguinte, os fundadores visitaram os Sinnett na sua residência de verão, em Simla, naquela época a capital de verão da Índia. Lá, eles ficaram conhecendo melhor o casal Hume e sua filha, Marie Jane (usualmente chamada de Minnie). O passatempo favorito de Hume era o estudo de pássaros, e ele mantinha um museu ornitológico em sua espaçosa casa, que chamava de Castelo Rothney, na colina Jakko, em Simla; também publicava uma revista sobre ornitologia, Stray Feathers. Profissionalmente, ele era, havia algum tempo, membro influente do governo.
Foi em Simla que aconteceram os fatos que resultaram nas cartas publicadas na obra Cartas dos Mahatmas Para A.P. Sinnett. H.P.B. realizava alguns fenômenos surpreendentes e os atribuía aos Mahatmas, com quem ela estava em contato psíquico mais ou menos constante. Sinnett estava convencido da veracidade desses fenômenos, e em seu livro O Mundo Oculto fez um vasto trabalho para comprovar a sua autenticidade.
Ele tinha também uma mentalidade prática e científica, e desejava saber mais a respeito das leis que governavam essas manifestações. Queria, especificamente, saber mais sobre aqueles seres poderosos que H. P. B. chamava de “Mestres” e que, segundo ela, eram os responsáveis pelos fenômenos. Ele lhe perguntou se seria possível entrar em contato com eles e receber instruções.
H.P.B. disse-lhe que não era muito provável, mas que tentaria. De início, ela consultou o seu Mestre, o Mahatma Morya, com quem ela estava estreitamente ligada através do treinamento oculto a que se submetera anteriormente no Tibete, mas ele se recusou categoricamente a comprometer-se com essa tarefa. (Mais tarde, entretanto, chegou a assumir a correspondência durante alguns meses, devido a circunstâncias muito especiais.)
Aparentemente, H.P.B. tentou o mesmo com vários outros, sem sucesso. Finalmente, o Mahatma Koot Hoomi concordou em manter uma correspondência limitada com Sinnett.
O sr. Sinnett endereçou uma carta “ao Irmão Desconhecido” e entregou-a a H.P.B. para que a transmitisse. Na verdade, ele estava tão ansioso por defender o seu ponto de vista de modo convincente que escreveu uma segunda carta antes de receber uma resposta à primeira. Seguiu-se, então, uma série de cartas notáveis, e a correspondência continuou por vários anos, tendo como um dos seus vários resultados de longo prazo a publicação das cartas em forma de livro.

(Extraído no livro Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, Vol. I, publicado em 2001 pela Editora Teosófica -www.editorateosofica.com.br)